Todos os dias olhamos para elas descompromissadamente. Rapidamente escolhemos um soutien, de preferência que combine com a roupa escolhida; que não amasse demais o peito; ou que amasse um pouco mais, pra disfarçar alguma imperfeição e que não deixe as alças de fora pra poder ficar tranquila de que ninguém vai ver o que estamos usando por baixo. Algumas como eu, fazem questão de combinar conjuntinhos, resultado ainda da interferência da mãe que falava na infância: “_ Tem que estar em bom estado e sempre combinando, pois vai que precisa de um médico de urgência, já pensou o que vão pensar de você?” As cobrimos rapidamente, lembrando ou não do conselho estranho da mãe e damos mesmo atenção é ao que vai por cima. Ouço todos os dias no consultório: “Muito grandes Dra, preciso diminuir”, de outras “Muito pequenas Dra, posso colocar silicone?” outras ainda “Dra tenho tanto medo de ter câncer, será que posso tirar tudo como fez a Angelina Jolie e trocar por silicone?” e de algumas “ Nossa Dra dói demais! Não consigo nem dar abraços quando está doendo demais”.

Fato é que, como tudo na vida, muitas vezes só paramos para percebê-las quando incomodam, ou quando chega a hora de fazer tão indesejados exames… E é por isso que estou aqui, pra dizer a todas as mulheres que não devemos lembrar de nossas mamas só uma vez ao ano quando é chegada a hora da mamografia e nem para reclamar delas ou tão somente cobri-las. Precisamos cuidar delas, aliás, precisamos nos cuidar. O câncer de mama é o câncer que mais acomete as mulheres no Brasil e no mundo. É o responsável pela mortalidade de mais de 12.000 mulheres ao ano só no Brasil, e ocorre de uma forma extremamente democrática! Cem vezes mais frequente nas mulheres, também pode acometer aos homens, portanto, atenção aos sinais de alerta e vamos seguir alguns passos:

– Mulheres e homens podem ter câncer de mama. Para cada 100 mulheres um homem.

– As mulheres, a partir dos 40 anos começam a ter mais risco, por este motivo, uma vez ao ano: Mamografia! Antes dos 40 anos existe câncer de mama? Sim existe, mas é bem menos frequente. Nesta idade se não houver sintomas não precisa mamografia de rotina. O mais importante nesta idade é o item abaixo.

– Em qualquer idade, conheçam seu próprio corpo! Nódulos, mudança nos mamilos, secreção, dor localizada e sem relação com o pré-menstrual, avermelhamento localizado, mudança da textura da pele, enrugamentos, assimetrias (uma mama diferente da outra). Quaisquer destes sinais precisam de avaliação médica. Não significam câncer, mas podem indicar a necessidade de alguma investigação para exclusão do diagnóstico.
– Procure saber dos antecedentes de sua família: quem teve câncer, qual o câncer e em qual idade. Pode ser que algumas famílias tenham um risco maior que outras de desenvolver câncer e isso pode mudar a idade de recomendação de exames pra você.

– O uso de anticoncepcional ou de reposição hormonal pode influenciar no risco para câncer. Se você tiver desejo ou necessidade de fazer uso, discuta tudo com seu médico. Não use medicamentos sem recomendação e conhecimento dele.

– Se for fazer uma plástica nas mamas, passe antes com um médico que libere você para o procedimento. Um ginecologista ou um mastologista que garanta que não há nada que precise de biópsia antes de realizar o procedimento.

– Cuide do seu corpo: manter o peso ideal, e fazer exercícios reduz o risco para câncer de mama e reduze o risco de retorno da doença para quem já teve câncer. E por fim, seja feliz com seu corpo! Faça as pazes com ele. Um corpo saudável é o que mais importa! Somos maravilhosas independentemente do formato de nossas mamas ou do soutien que estamos usando, até por que; um segredo que minha mãe não sabia: “Médico não liga para o soutien que você usa, pois para examinarmos as mamas, precisamos que esteja sem ele.”Sejam felizes! Um Outubro Rosa maravilhoso pra todos nós.

 


Autoria: Drª Fabiana Baroni Makdissi
Médica e cirurgiã oncológica, diretora do
Departamento de Mastologia do
AC Camargo Cancer Center